Brasileiro Gustavo 'Balaloka' fatura o bronze no BMX em Assunção



 A medalha de bronze no peito reluz indicando o caminho certo. Há 12 anos, quando deu as primeiras pedaladas no BMX, os metais que encantavam Gustavo “Balaloka” eram os encontrados pelo pai em um ferro-velho de Osasco, em São Paulo. Dali saíram as peças para a primeira bicicleta, semeando o sonho que se tornou ainda mais real neste sábado (8), com o pódio nos Jogos Sul-americanos Assunção 2022.

Na pista montada no complexo do Comitê Olímpico Paraguaio, Gustavo terminou na terceira colocação, atrás apenas do argentino Jose Torres e do venezuelano Daniel Dhers, primeiro e segundo colocados, respectivamente. Havia sido o segundo colocado na etapa classificatória. Na decisão, fez uma boa primeira volta, somando 84.00 pontos. Mas caiu na segunda volta e se despediu sem melhorar a marca.

“O vento, nesse espaço aberto, estava gigantesco. Eu não pude realizar minha segunda volta, errei. Viria mais forte para tentar buscar a prata. Acabei decepcionando um pouco, mas nem tanto. O mais importante era estar no pódio, vim focado nisso e estou feliz que consegui”.

Ainda com carinha de menino, o atleta hoje com 20 anos celebra a experiência acumulada desde 2016, quando foi convocado pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) para um Mundial pela primeira vez. Na primeira viagem para o exterior, na China, ele ligou para o pai ainda incrédulo com as portas que se se abriam através do esporte.

O esforço da família para que ele começasse a pedalar foi grande. Encantado após assistir a um campeonato em Carapicuíba, o menino pediu ao pai uma bicicleta de BMX. Ele conta que, na época, não se fabricavam bicicletas aro 16 no Brasil, e que importar era algo fora da realidade financeira da família. Assim, precisaram usar a criatividade e improvisar.

 

“Para poder importar era muito caro, muito fora do nosso padrão de vida. Meu pai teve a ideia de ir a um ferro velho em Osasco, achou a bike e começou a fazer um “frankstein”. Pegou umas peças de BMX e colocou nessa bicicletinha que não era para o BMX. Ele montou uma específica para mim, essa do ferro velho, para começar.”

O apelido “Balaloka” surgiu pouco mais de um ano depois do início da prática. Ao pedalar a toda velocidade para tentar saltar uma rampa, Gustavo perdeu o controle, errou o cálculo e passou reto. Acordou depois, assustado, caído no chão, com o pai jogando água em seu rosto. Os amigos falaram que ele pedalou como uma bala, como um louco, e a junção rendeu o nome que o acompanha até hoje.

Neste sábado, Gustavo levantou a torcida com manobras ousadas e ganhou apoio quando caiu na última volta da final. Antes e depois da premiação curtiu o assédio da torcida paraguaia, que a todo momento pedia para tirar fotos com “Balaloka”. 

Se com a abordagem dos fãs ele já se diz acostumado pelas experiências nos eventos radicais, a vivência de um evento multiesportivo foi uma novidade na breve carreira. Esta é a primeira missão dele com o Comitê Olímpico do Brasil, e a estrutura o impressionou.

“Estou meio de boca aberta porque nunca viajei com tanta gente no hotel. Já viajei para Mundial, mas só atletas de BMX, em que todo mundo se conhece. Aqui tem muita gente no hotel. Um monte de brasileiro, cada um com a sua modalidade. Estou gostando muito.”

(Texto: COB. Foto: Miriam Jeske/COB)

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