Se todo recomeço é complicado, Milena Titoneli (-67kg) e Icaro Miguel (+80kg), do taekwondo, saem dos Jogos Sul-americanos Assunção 2022 com a sensação de que o pior já passou. De olho nos Jogos Olímpicos Paris 2024, a atleta de 24 anos mudou de cidade, de equipe e de técnico, enquanto o atual líder do ranking mundial subiu de categoria. Tudo isso pouco mais de um ano após Tóquio 2020. O palco que marcou o ponto alto dessa espécie de renascimento foi o Pavilhão 2 da Secretaria Nacional de Desportes (SND), em que ambos superaram lutas bastante difíceis para chegar ao ouro.
“Estou muito feliz porque é sempre uma grande oportunidade poder representar o Time Brasil, o COB e a minha Confederação. Muito satisfeita por poder voltar a competir, por chegar aqui e conquistar esse ouro. Felicidade e gratidão”, comentou Titoneli, logo após sair do dojan (área de combate) com a vitória sobre Mell Ayovi, do Equador. Antes, ela havia derrotado também Alexmar Blanco, da Venezuela, e Claudia Llancaman, do Chile.
“Foi uma competição dura, difícil, com adversários que eu ainda não havia enfrentado. Esse mês, além de líder do ranking mundial, assumi a liderança do ranking olímpico nessa nova categoria que estou estreando aqui nos Jogos Sul-americanos. Uma felicidade muito grande. Um título inédito numa competição que eu nunca havia disputado. Saio daqui muito contente”, contou Icaro, que passou por Luis Robles, da Venezuela, e por Jesus Tarira, do Equador, para chegar ao título.
Pouco antes de Tóquio 2020, Milena resolveu sair de São Caetano do Sul, onde começou na modalidade, deixar a casa dos pais, e ir morar em Itaboraí, no Rio de Janeiro, com o namorado e os dois cachorros. Uma mudança que, claro, também provocou a troca de técnico e de clube, que acarretou também problemas psicológicos, já superados com a inspiração em um ser mitológico: a fênix. Nesta sexta, Milena voltou a lembrar da ave que renasce das cinzas.
“Hoje estou me achando uma verdadeira fênix. Nas duas primeiras lutas, eu não estava me sentindo tão bem, sabia que ia ser um dia difícil, mas, graças a Deus, consegui renascer ali dentro da área de aquecimento, com a ajuda de muitas pessoas. Quem é atleta tem que aprender a tirar energia de onde não tem. O leão e a fênix são os animais que me representam e eu ainda quero tatuar a fênix”, comentou.
Já Icaro cansou de lutar contra a balança. Normalmente, ele luta na categoria até 87kg, que não é olímpica. Para disputar os próximos Jogos, ele teria que baixar para até 80kg ou disputar a para atletas acima de 80kg, que reúne os atletas mais pesados do taekwondo. Para evitar o sobe e desce, ele resolveu mudar de vez e agora vai lutar no pesado em todas as competições.
“Eu peso, normalmente, 90, 91kg. Perder 10kg para competir, ainda mais pra quem tem um percentual de gordura muito baixo, é muito difícil. Esse ano já competi 10 vezes. Então, era muito sacrificante. Juntamos com fisiologista e nutricionista e achamos que subir de categoria iria ajudar no meu desempenho”, contou Icaro.
Campanha histórica
E o “renascimento” dos dois ajudou o Brasil a realizar uma campanha histórica no taekwondo em Jogos Sul-americanos. Com as pratas de Henrique Marques (-80kg) e Gabriele Siqueira (+67kg) também nesta sexta, último dia de disputas da modalidade, o Time Brasil faturou quatro ouros e quatro pratas, o melhor com o formato olímpico e atrás apenas de Medellin 2010, que era disputado num outro modelo, com 16 categorias.
Além deles, o Brasil já havia conquistado ouro com Paulo Ricardo Melo (-58kg) e Sandy Macedo (-57kg); prata com Talisca Reis (-49kg), com Edival Marques Netinho (-68kg). No Poomsae, ainda vieram prata nas duplas mistas e bronze com Alex Arruda no individual.
(Texto: COB. Foto: Wander Roberto/COB)
Comentários
Postar um comentário